Subway Riders: Nonsense ou talvez não

BPI_2869É a banda com o pior manager do mundo. Têm um baixista que está em todos os concertos, mas que nunca toca. Deslocam-se num utilitário de quatro lugares e quem os vê ao vivo nunca mais verá as coisas da mesma maneira, criando-se uma espécie de universo pré e pós-Subway. Os Subway Riders são tudo isto e muito mais, bastante mais que a simples soma das 4+2+? partes. Com um terceiro álbum na calha para também não ser editado, atacam 2014 com uma enorme fome de palco e de tocar como melhor sabem. Sem ensaios, e ao primeiro take.

À partida esta mistura de ideais e subtilezas constitui um guião para o nonsense e a antítese do que o público se habituou a ouvir desde que a MTV tomou conta da produção musical e os músicos se tentaram tornar máquinas de fazer dinheiro a qualquer custo. A atitude Subway Rider é um saboroso murro nos ouvidos de todos os que viajam por esse caminho e também de quem os segue por esse país e mundo fora. Carlos, Victor, Chau e Calhau, todos eles Subway de apelido, são a formação base deste ensemble de muitos outros elementos, consoante vários factores que não conseguimos (nem, de facto, interessa) apurar.

Num momento o palco pode ter estes 4 elementos, para no seguinte se tornar numa amálgama de instrumentistas em modo experimental em que o caos parece querer dominar mas sem nunca realmente o conseguir. Theremins, cocos, saxofones, berimbaus e caixas de ritmos, são alguns dos instrumentos arriscados pelos convidados Subway, em que as regras são simples: ninguém deverá tocar o seu instrumento musical preferido e nunca há lugar para segundas oportunidades.

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A história da banda é longa, e percorrer o caminho que os Subway têm trilhado seria por um lado extenuante, e por outro, desnecessário. Ou não fossem eles e desde  um Domingo à tarde de Setembro de 1989 a verdadeira e única “next big thing”. A sua biografia pode e deve ser consultada no Facebook Subway e a imaginação de cada um terá um enorme mas satisfatório trabalho em compreender as diversas ligações e participações que a compõem. Esta sinfonia histórica não ficaria completa sem uma referência à extensa comunidade de “haters” que a banda tem aglutinado desde a sua génese, inimigos que apesar do ódio aos Subway marcam presença em grande parte dos concertos. Refira-se aliás o recente insólito de um destes inimigos de estimação ter ganho também uma pequena legião de inimigos, mais concretamente os amigos que levou a um dos mais recentes concertos. Um inimigo que cria inimigos devido ao seu inimigo, uma quase quadratura do círculo. Não é para todos.

Os Subway Riders tocam este Sábado no Beat Club em Leiria, aí pelas 23:30 (ou um pouco antes ou um pouco depois), e quem não conhece ainda vai a tempo de aprender as letras no Soundcloud da banda. Não percam, nós avisámos!

Texto e fotografia de Bruno Pires

(Publicado a 23 de Janeiro de 2014)

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