Desligados

O filme que escolhemos esta semana chama-se “Desligados” (“Disconnect”) e acabou de estrear nas salas de cinema portuguesas. Realizado por Henry Alex Rubin (a sua estreia na ficção) este filme fala sobre as novas tecnologias e todo o universo em seu redor.

O tema não é novo, muitos outros filmes nos têm falado sobre os perigos existentes na má utilização da internet. No entanto, a novidade aqui reside na forma e na estrutura sobre as quais assenta a história. Na verdade, são quatro as histórias contadas e todas com um centro nevrálgico comum: pessoas em busca de relações humanas num mundo em que cada vez mais as pessoas se relacionam virtualmente.

Um casal em crise por ter perdido o seu filho e que vê todo o seu dinheiro roubado online; um advogado que trabalha demais e pouco tempo dedica à sua família; uma jornalista ambiciosa que investiga o caso de um menor que trabalha num website para adultos e um detective viúvo que educa sozinho o seu filho, sendo este um dos jovens que pratica bullying a um colega de escola. Todos estes estranhos acabam por vir a relacionar-se devido a uma série de acontecimentos que a aleatoriedade da vida promove.

O enredo de todas estas histórias torna-se tão mais emocionante quanto mais o filme se desenrola. De facto, todas atingem um clímax dramático muito forte e muito bem realizado, na medida em que o espectador também o sente para além das personagens. Muito mais do que o uso das novas tecnologias, estas histórias têm em comum pessoas sós, com mágoas e a sentirem-se incompreendidas pelos demais. Daí a sua fragilidade e ligação com o mundo virtual.

A força dos personagens é enorme, podendo com isto afirmar-se que os actores desempenham muito bem o seu papel, mesmo que uns sejam mais experientes e conhecidos no meio cinematográfico que outros. É de relevar igualmente a banda sonora, um trabalho de Max Richter, que acompanha o ritmo do filme passo a passo.

Sabemos que o filme nos impressionou quando acabamos de o ver e ficamos a pensar na nossa actividade nas redes socias ou mesmo nas compras que fazemos através da internet. Não quer dizer que nunca tenhamos pensado no assunto, mas acreditem que ganha uma nova dimensão, mesmo que passageira.

No fundo, “Desligados” pretende levantar uma questão: como é que num mundo com tantas formas de comunicação ainda impera tanta incomunicabilidade?