A árvore que é uma loja

BPI_6192 Como já referimos num artigo anterior, novas dinâmicas comerciais têm vindo a surgir, modificando assim o conceito clássico do que é o comércio. A Preguiça tem tido alguns encontros felizes e desta vez foi à Espatódea – loja colaborativa. Alline Oliveira, brasileira a residir em Coimbra há vários anos, é a sua proprietária e gestora.

A loja Espatódea existe há cerca de um ano e meio, tendo actualmente cerca de cinquenta marcas diferentes que conjugam esforços num mesmo espaço. “O conceito no qual a Espatódea está baseada é no arrendamento de micro-espaços para pequenas marcas, ou até lojas, de cariz artesanal, semi-artesanal, sendo todas nacionais”, explica Alline orgulhosa.

Tudo se desenrola a partir do momento em que uma marca procura a loja e lhe apresenta os seus produtos. “A ideia é que cada marca desenvolva uma micro-loja dentro da nossa, que acaba por ser apenas uma prestadora de serviços e um canal de distribuição. Essas pequenas marcas podem seguir por um caminho mais fácil e mais justo também”.

Um aspecto a considerar é que esta loja não exige exclusividade, tendo no entanto um requisito. “As marcas podem estar presentes noutros espaços também. No entanto têm de ser pequenas marcas, pois as grandes já são distribuídas facilmente por outros canais”, informa.

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O projecto da Espatódea nasceu em Outubro de 2011 quando Alline frequentou um curso de Empreendedorismo promovido pela Câmara Municipal de Coimbra. Na altura, a vontade de permanecer em Coimbra e a de criar um negócio aliaram-se e fizeram com que esta coimbrã de coração começasse a concretizar as suas ideias. “Quando fiz o curso de Empreendedorismo comecei a trabalhar e a fixar ideias para criar este negócio. Já conhecia lojas colaborativas fora de Portugal e Coimbra era, e ainda é um pouco, limitada nessa área”. No fim de 2011 Alline começou a contactar pessoas para entrarem no seu projecto e a loja inaugurou em Março de 2012.

No entanto, convém referir que ainda antes de a loja abrir e no âmbito desse mesmo curso, o projecto Espatódea concorreu a um concurso de ideias. “Abrimos a loja em Março e o resultado do concurso só saiu em Junho. E ganhámos o primeiro lugar”, relembra. “A partir daí as coisas ficaram mais fáceis, porque chegámos aos meios de comunicação social, coisa que de outro modo talvez fosse difícil, e a loja começou a ser falada no meio local”.

Apesar do arrendamento do espaço ser a forma principal de introduzir as marcas na loja, Alline viu necessidade de criar outras maneiras de colaboração. “No início só aceitávamos o arrendamento, mas começámos a perceber que alguns produtos que queríamos ter não iriam ter retorno arrendando um espaço. De forma a beneficiar ambas as partes criámos outras propostas: à consignação ou a compra e venda directa”. Isto ganha uma relevância especial quando os produtos são, por exemplo, vendidos só em determinadas épocas do ano. “Há produtos que só se vendem no Verão. Mas como não somos uma zona turística, gostaríamos que esses produtos estivessem sempre na loja. Precisamos de ter um portfólio fixo de produtos, para a loja ser estável e um cliente saiba que amanhã vai voltar e vai encontrar na mesma aquele produto”.

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De facto, os turistas não são o público-alvo da Espatódea. “Aqui em Coimbra há várias lojas de artesanato, na Baixa, mas que trabalham para os turistas. O nosso público é a cidade. As pessoas que moram cá e que querem comprar numa loja de comércio tradicional e não num centro comercial”.

Que tipos de produtos podemos então aqui encontrar? Bijuteria, acessórios, roupa, calçado, produtos para bebés e peças de decoração. Mas principalmente “marcas com conceito e história”, adianta Alline. “O que tentamos atrair são peças que sejam realmente diferentes, que as pessoas olhem, se apaixonem e comprem por isso. Não queremos competir com as grandes lojas. Queremos que as pessoas comprem algo que seja representativo para elas”.

Ciente das dificuldades actuais, Alline é ao mesmo tempo optimista e parece que tem razões para isso. “O momento agora é de reduzir custos e aguentar a fase. Mas sinto que do ano passado para agora, as coisas mudaram para melhor. Não significa que a crise passou, mas sinto uma mudança. Nem que seja no espírito das pessoas”.

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Por fim, resta-nos perguntar se alguém sabe o que significa Espatódea. Não? Nós também não sabíamos. “Espatódea é uma árvore tropical muito grande e frondosa. As flores são vermelhas e laranjas, o que a torna linda”.

Espatódea – Loja colaborativa
Rua General Humberto Delgado
Horário: Segunda a sexta das 11:00 às 20:00
Sábado das 13h00 às 18h00
Telefone: 918 381 890

Texto de Carina Correia
Fotografia de Bruno Pires

(Publicado a 14 de Novembro de 2013)

1 responses to “A árvore que é uma loja

  1. Sou uma das parceiras deste espaço especial e tem sido um prazer trabalhar com a Alline. A sua dedicação, proatividade e visão ajudam a promover presencialmente as marcar que acolhe na Espatódea.

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