O GRANDE GATSBY

É sempre interessante a ideia de vermos um filme baseado num livro que já tenhamos lido. Pode ser melhor ou pior do que a obra original e do nosso universo já criado, mas é sempre diferente do que ver um filme cujo argumento nos é desconhecido.

Baz Luhrmann (Romeu + Juliet, 1996; Moulin Rouge!, 2011; Austrália, 2008) adapta para cinema o grande clássico da literatura americana do século XX, The Great Gatsby, do escritor F. Scott Fitzgerald, lançado em 1925. Esta é a quarta adaptação do livro ao grande ecrã.

The Great Gatsby relata a sociedade americana nos chamados loucos anos 20, altura de grande prosperidade e euforia, logo após a primeira guerra mundial, onde o jazz prospera e a proibição do consumo de bebidas alcoólicas alimenta o crime organizado e o enriquecimento de alguns. Por um lado, a possibilidade do sonho americano e a excentricidade e por outro a falta de moral, a decadência e a superficialidade. A história é narrada por Nick Carraway (interpretado por Tobey Maguire), ao mesmo tempo que a descreve também ao seu psiquiatra. Nick é um jovem que abandona a ideia de ser escritor e decide viver em Nova Iorque e arriscar no mundo da banca. É então que ao ir morar para perto da sua prima Daisy Buchanan (interpretada por Carrey Mulligan) e do marido Tom (interpretado por Joel Edgerton), conhece o seu vizinho milionário Jay Gatsby (interpretado por Leonardo DiCaprio).

Para quem conhece os filmes de Baz Luhrmann, já sabe que este é um realizador fascinado pela espectacularidade visual e pelos cenários luxuosos. E neste filme, não foge à regra. Por muitos considerado como excessivo, em The Great Gatsby somos transportados fielmente para os exageros da época, em que as grandes festas e a loucura são o dia-a-dia. Os cenários e a fotografia são de uma perfeição intocável, quase, senão mesmo, irreal.

O elenco deste filme é repleto de nomes fortes e interpretações marcantes. No entanto, é Leonardo DiCaprio, que já tinha trabalhado com o realizador em Romeu + Julieta, quem se destaca. Pode mesmo dizer-se que DiCaprio é a encarnação perfeita de Jay Gatsby, tal e qual como Fitzgerald o concebeu. Um homem rico, influente, simpático, galã, humano, fragilizado, com alguma brutalidade e mistério em simultâneo e muito romântico. É aliás a busca do seu grande amor que desenha o caminho deste forte e complexo personagem.

A banda sonora do filme é igualmente excêntrica, estando a sua direcção a cargo do cantor e produtor Jay-Z.

Independentemente de tudo o que possa ter de negativo, The Great Gatsby é um filme poderoso, que nos remete para um universo muito próprio. E quanto a Gatsby, ou DiCaprio se preferirem, bem, esse revela uma grandeza indiscutível.